Rayma Lima
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Cada ser humano tem uma história de vida.
Uns são felizes simplesmente, outros vivem em constante sofrimento.
Mas, o que realmente é importante?
Viver, amar,ser feliz... Tudo faz sentido, porém o nosso objetivo é
encontrar nossa alma gêmea,
e que nos aceite como somos.
Certo dia conheci alguém. Na realidade foi um acaso virtual, não
houve má intenção, apenas um erro de digitação.
Estranhei, porque não tinha costume de enviar ou receber e-mails.
Aliás nem sabia direito o procedimento correto para um correio
eletrônico.
Mas a sua simpatia me encantava, suas palavras me fazia sentir
importante, sentir gente, depois de um longo período de carência em
minha vida.
Você chegou de mansinho, e aos poucos foi me conquistando. Despertou
em mim a vontade de escrever poesias, coisa que sempre quis mas não
tinha incentivo.
A distância entre nós era grande. Várias centenas de quilômetros nos
separava, mas isto pouco representava se pudéssemos nos encontrar.
Havia o impossível, o proibido, éramos comprometidos, tínhamos
família e éramos responsáveis, então resolvemos deixar de nos
comunicar.
Porém uma força misteriosa pairava em nossa mente, até que um dia
resolvemos continuar. Afinal que mal havia em ter um amigo para
desabafar? Você sempre cativante me aconselhava a viver bem com
minha família, meus filhos, pois nos dias atuais não podia ser
comparado como antigamente.
Com o passar do tempo percebemos que havia um sentimento diferente.
Sentíamos falta de saber um do outro. Seria amor? Amor virtual? Não,
isto não existe. Mas por que sentimos tanta necessidade de nos
comunicar?
Toda manhã eu corria para verificar meus e-mails, mas no fundo
desejava mesmo era encontrar o seu. E ali ele estava. Às vezes com
um poema, uma reflexão, uma frase carinhosa e então meus olhos
brilhavam de felicidade.
Passamos a refletir sobre nossas vidas. Sentíamos culpados, pois
nossa convivência já estava interferindo em nossa vida familiar.
Veio a curiosidade, o sofrimento, a expectativa e o desejo imenso de
encontrarmos. Mas, como? Eu não tinha coragem. Como fazer para sair
de casa uns dias? E se nos encontrássemos qual seria o nosso
comportamento? Haveria atração?
Vivemos este sonho por quase dois anos, até que um dia o destino nos
deu um surpresa. Surgiu uma oportunidade de viagem para acompanhar
alguém da família e isto facilitava o nosso encontro pois a
distância era bem menor.
Foi uma loucura, sair em busca do impossível, para tentar colocar um
ponto final. Alguma coisa tinha que acontecer pois já havia muito
sofrimento entre nós e sabíamos que seria assim.
Num domingo ensolarado, distante dos nossos lares, nos
encontramos...Não foi preciso palavras, a emoção era evidente.
Sorrimos, apertamos as mãos e ficamos ali parados, com os olhos nos
olhos. Parecia que já nos conhecíamos. De mãos dadas ficamos
sentados no banco de uma praça. Conversamos muito. Havia um
magnetismo ou uma magia que nos impulsionava, mas conseguimos
controlar. Queria gritar: Eu te amo, não vá embora. As palavras não
saíam pois ali existia VOCÊ E EU, mas em nossas vidas havia um NÓS,
nossa família quem prometemos honrar e ser fiel.
Não sentimos o tempo passar. Chegava a hora do adeus.. Não falamos
nada, nem olhamos para trás e voltamos ao nosso habitat natural.
Voltei para casa. Realizei meu sonho, numa fase quase outonal de
minha vida. Renunciamos. Sofremos e estamos tentando manter o
combinado. O destino a Deus pertence e não sabemos do amanhã.
Continuo sofrendo, perdi o amigo, e o amor que deixou de ser
virtual. Meu coração está coberto pelas cinzas, deve ficar assim,
pois a ferida ainda está aberta.
Deus meu, como gostaria de vê-lo novamente. Sei que ainda me quer
bem, sente a minha falta, mas estamos em paz com nossa família.
Você foi meu sonho, meu amor e meu amigo. mas eu o perdi justamente
no dia em que o conheci.Onde estiver preciso lhe dizer que ainda não
aprendi a dizer adeus e que o amarei para toda a eternidade!
13.05.2004
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